
OMS alerta para impacto permanente da fome a toda uma geração em Gaza
13/05/2025
As taxas de desnutrição estão aumentando em Gaza, os tratamentos de emergência para combatê-la estão se esgotando e a fome pode ter um impacto duradouro em “uma geração inteira”, disse uma autoridade da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira (13).
Israel bloqueou os suprimentos para o enclave desde o início de março, quando retomou sua devastadora campanha militar contra o Hamas, e um monitor global da fome alertou na segunda-feira (12) que meio milhão de pessoas enfrentam a fome.
O representante da OMS para o Território Palestino Ocupado, Rik Peeperkorn, disse ter visto crianças que pareciam anos mais jovens do que sua idade real e visitou um hospital no norte de Gaza, onde mais de 20% das crianças examinadas sofriam de desnutrição aguda.
“O que vemos é uma tendência crescente de desnutrição aguda generalizada”, declarou Peeperkorn em uma coletiva de imprensa virtual, a partir de Deir al-Balah, na região central do enclave.
“Eu vi uma criança de cinco anos de idade e você diria que ela tinha dois anos e meio.”
“Sem alimentos nutritivos suficientes, água limpa e acesso à saúde, uma geração inteira será permanentemente afetada”, disse ele, alertando para o atraso no crescimento e o comprometimento do desenvolvimento cognitivo.
O chefe da agência de refugiados palestinos da ONU, Philippe Lazzarini, afirmou hoje à BBC que acha que Israel está negando alimentos e ajuda a civis como arma de guerra.
Israel tem culpado repetidamente o Hamas de causar fome ao roubar a ajuda destinada aos civis. O Hamas nega a alegação.
Israel está pressionando seu próprio plano apoiado pelos EUA para levar ajuda a Gaza, que, segundo ele, eliminará o Hamas e distribuirá ajuda diretamente do que chama de locais de distribuição neutros.
Nesta segunda-feira, a OMS criticou esse plano, em um comunicado, considerando-o “extremamente inadequado” para atender às necessidades imediatas da população.
Devido ao bloqueio, a OMS só tem estoques suficientes para tratar 500 crianças com desnutrição aguda, o que é apenas uma fração do que é necessário, disse Peeperkorn.
Cinquenta e cinco crianças já morreram de desnutrição aguda, segundo ele, citando dados do Ministério da Saúde de Gaza.
Peeperkorn afirmou ter visto muitas crianças em hospitais com doenças como gastroenterite e pneumonia que, devido à redução da imunidade ligada à fome, podem ser fatais.
“Normalmente, não se morre de fome. Você morre das doenças associadas a isso”, disse ele.