Passageiro registra auroras em voo da Latam durante tempestade solar

Uma das maiores erupções solares do ano, possivelmente a maior até agora em 2025, atingiu a Terra no começo deste domingo, provocando um espetáculo de auroras boreais em várias partes dos Estados Unidos, inclusive em estados pouco habituados ao fenômeno.

Erupção solar voltada para a Terra na sexta à noite (imagem) agora causa tempestade geomagnética severa neste domingo com auroras nos dois hemisférios | NASA

A tempestade geomagnética foi classificada como de nível 4 numa escala que vai até 5, o que a coloca na categoria “severa”. Ela chegou antes do previsto, surpreendendo os cientistas da NOAA.

As auroras foram vistas até mesmo no Novo México, com registros fotográficos impressionantes vindos de Wyoming, Utah e Washington. Em alguns lugares, era possível enxergá-las com câmeras de celular.

Mesmo antes do amanhecer, as luzes do Norte já podiam ser captadas com câmeras no Meio-Atlântico, graças à sensibilidade dos sensores, que superam a capacidade do olho humano em ambientes de pouca luz.

Segundo Rob Steenburgh, cientista da NOAA, havia confiança moderada de que a erupção resultaria numa tempestade severa — o que se confirmou no decorrer do domingo.

A previsão inicial indicava que a tempestade solar atingiria o auge durante o dia e diminuiria à noite, o que poderia limitar a visualização noturna em algumas áreas. Mas, caso a tempestade continuasse forte, haveria chance de ver auroras também nos estados do leste, especialmente em locais afastados das luzes urbanas.

Tempestades solares mais fracas, de nível 3, normalmente geram auroras visíveis apenas até Illinois e Oregon, mais ao Norte dos Estados Unidos. Desta vez, a previsão chegou a incluir o estado do Alabama.

Mesmo em locais onde o céu noturno parecia escuro demais, era possível detectar a aurora com lentes de câmera, inclusive usando apenas um celular. Na madrugada deste domingo, o céu limpo favorecia a observação das auroras do Dakota do Norte até a Pensilvânia. Já a Nova Inglaterra e parte das Montanhas Rochosas estavam sob nuvens.

Mas não apenas no Hemisfério Norte as auroras apareceram no começo deste domingo. O astrônomo Yuri Beletski registrou da janela do avião um impressionante show de luzes no céu em voo da Latam entre Melbourne, na Austrália, e Santiago, no Chile.

Just flew from Melbourne 🇦🇺 to Santiago 🇨🇱 on @LATAM_CHI flight LA804 and saw an incredible aurora from the plane ! 🤩 The sky was alive with soft splashes of light. This flight’s route feels truly special – passing so close to Antarctica, you can almost sense the vastness below.… pic.twitter.com/0Mkh9Fstxn

— Yuri Beletsky (@YBeletsky) June 1, 2025

A NOAA identificou a origem da tempestade em uma grande erupção solar ocorrida na sexta-feira à noite, que lançou uma nuvem de plasma diretamente na direção da Terra. A cientista Tamitha Skov, conhecida como “Space Weather Woman”, disse que a tempestade solar viajava a cerca de 1.000 km por segundo e chegaria neste domingo.

Ela também mencionou a possibilidade de uma tempestade mais lenta à frente causar um “engarrafamento” no espaço, o que poderia permitir auroras também na segunda-feira. Auroras surgem quando partículas solares atingem o campo magnético terrestre, excitando moléculas de oxigênio e nitrogênio que liberam luzes coloridas na atmosfera.

Yesterday’s moderately-sized (M8-class) #SolarFlare produced a massive eruption (a coronal mass ejection), currently en route to Earth. Forecasters have issued a ‘severe’ geomagnetic storm watch (G4 on G1-5 scale). Expect to see misinformation about this, so here are some facts: pic.twitter.com/kaZ68ye68C

— Dr. Ryan French (@RyanJFrench) May 31, 2025

Em latitudes mais altas, predominam as cores verdes e roxas. Já em regiões mais ao sul, como Alabama, é mais comum observar auroras avermelhadas. Segundo Skov, a tempestade de domingo pode ter sido a mais ampla desde outubro de 2024, quando auroras foram vistas até em Washington D.C., apesar da poluição luminosa.

A maior tempestade solar dos últimos 20 anos ocorreu em maio de 2024, iluminando o céu de todos os 50 estados norte-americanos e até mesmo das Bahamas, Cuba, Cancun (México) e Porto Rico, no Caribe. No episódio, a aurora austral alcançou a região de Buenos Aires na Argentina e chegou a ser fotografada na fronteira do Uruguai com o Rio Grande do Sul.

Apesar do espetáculo visual, essas tempestades podem causar sérios impactos, como falhas em satélites, distúrbios em sistemas elétricos e interferência em sinais de rádio e GPS. Esse aumento na atividade solar é esperado, já que o Sol está no auge de seu ciclo de 11 anos.

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