
Israel ataca o Irã: por que ação é sem precedentes e maior golpe à elite iraniana no poder
13/06/2025Essa estratégia de mirar em figuras importantes do Hezbollah teve consequências devastadoras para a capacidade do grupo montar uma contraofensiva sustentável.
Imagens de Teerã mostraram o que parecem ser prédios específicos atingidos, semelhantes às imagens dos ataques de Israel aos subúrbios localizados no sul de Beirute, que culminaram na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Mas matar o chefe do Estado-Maior Militar do Irã, o comandante da poderosa Guarda Revolucionária e vários dos principais cientistas nucleares do país nas primeiras horas de uma operação — que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sugeriu que poderia durar dias — significa infligir um grau de dano sem precedentes à elite iraniana.
Isso parece exigir uma resposta mais feroz do Irã do que a que vimos em seus dois ataques a Israel no ano passado.
Mas também pode dificultar muito a capacidade de Teerã de formular tal resposta.
Presumivelmente, esse é o cálculo que Netanyahu fez ao ordenar essa nova escalada do conflito.
Crédito, Reuters
O painel de informações de voo no Aeroporto do Catar mostra que voos foram cancelados não apenas para o Irã, mas também para o país vizinho, o Iraque.
O Irã fechou oficialmente seu espaço aéreo após uma série de ataques israelenses sem precedentes.
No entanto, parece que muitas companhias aéreas também evitam o Iraque em razão de preocupações com a segurança.
Grupos paramilitares iranianos e iraquianos aliados a Teerã alertaram repetidamente que qualquer ataque ao Irã — seja por Israel ou pelos Estados Unidos — tornaria os interesses e as bases americanas na região, particularmente no Iraque, alvos “legítimos”.
Na quinta-feira (12/6) à noite, um assessor do primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, disse à BBC que o governo tem mantido conversas intensivas com grupos apoiados pelo Irã para dissuadi-los de retaliar caso o país vizinho fosse atacado, pois Bagdá tenta evitar a entrada em um novo conflito.
Outro assessor de política externa de Sudani alertou anteriormente que, se algo acontecesse ao Irã, “não seria parecido ao que já tínhamos visto antes”.
E ele estava certo. Embora trocas de farpas entre Irã e Israel tenham acontecido no passado, o Irã não vivencia operações militares dessa escala em seu próprio território desde a guerra contra o Iraque nos anos 1980.
O ataque israelense acontece apenas dois dias antes da sexta rodada de negociações entre Irã e EUA, que estava marcada para acontecer no próximo domingo (15/6).
Mas agora, só restam incertezas.
Não está claro se as negociações prosseguirão.
E está mais difícil do que nunca prever o que o futuro reserva para o Oriente Médio.