
Israel intensifica ataque e Netanyahu diz que mudança de regime no Irã é ‘possível’
15/06/2025
Crédito, Reuters
O conflito entre Israel e Irã vem se intensificando nos últimos três dias e os dois países realizam nova rodada de ataques neste domingo (15/6).
Israel continua a atingir alvos no Irã e as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmam neste domingo que atingiram 250 locais.
A imprensa iraniana relata que 128 pessoas foram mortas no país até o meio-dia de sábado, com cerca de 900 feridas
O Irã, por sua vez, realizou ataques com mísseis contra Israel durante a noite de sábado, matando 10 pessoas – seis em Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, e quatro na cidade de Tamra, ao norte. Autoridades afirmam que mais de 100 israelenses estão feridos.
O paramédico de resgate Ori Lazarovich, que trabalhava no local do ataque em Bat Yam, disse à BBC: “Começamos a triagem das pessoas enquanto o prédio ainda estava em chamas de um lado. Alguns choravam e outros seguravam seus familiares; vi medo em seus olhos.”
“As pessoas saíram todas pálidas, cobertas de fuligem, cinzas e detritos, sofrendo com a inalação de fumaça”, acrescentou.
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Uma mulher que morava em um prédio próximo à zona da explosão em Bat Yam estava sentada, cercada por malas.
“Estamos aqui há 24 anos e agora temos que recomeçar. Estou me segurando para não chorar”, disse ela à BBC.
Visitando o local do ataque, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que o Irã pagaria um “preço muito alto” pelo “assassinato premeditado de civis, mulheres e crianças”.
Na tarde de domingo, o Irã lançou outra onda de ataques com mísseis e drones, tendo como alvos Tel Aviv, Haifa e outras cidades
As IDF afirmam que a maioria dos projéteis foi interceptada, mas a Polícia de Israel informou que os serviços de emergência receberam relatos de que um dos ataques atingiu um assentamento na cidade portuária de Haifa, no litoral norte do país.
“Neste momento, não há relatos de vítimas, mas houve danos materiais”, disseram as autoridades israelenses.
Imagens e vídeos de Haifa mostram grossas colunas de fumaça subindo em direção ao céu noturno da cidade.
O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que seu país tem o direito de se defender de agressões e que Israel deve interromper seus ataques.
A Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (HRANA), uma organização de direitos humanos sediada em Washington que monitora o país há muito tempo, afirmou que o número total de vítimas civis ou militares no Irã nos últimos dois dias — até às 19h de sábado, pelo horário de Brasília — chegou a pelo menos 863.
Mudança de regime no Irã
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Em entrevista à Fox News neste domingo, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu foi questionado se a mudança de regime no Irã faz parte dos esforços de Israel com a atual onda de ataques.
“Certamente pode ser o resultado, porque o regime iraniano é muito fraco”, disse.
Netanyahu afirmou que o atual regime iraniano não “tem o povo” e que “80% do povo” quer derrubá-lo.
Ele também disse que “o povo persa e o povo judeu têm uma amizade antiga” e acrescentou: “A decisão de agir, de se rebelar neste momento, é a decisão do povo iraniano.”
O ex-príncipe herdeiro iraniano Reza Pahlavi — filho do ex-xá do Irã, deposto na Revolução Islâmica de 1979 — disse à BBC que os opositores do governo do país foram “revigorados” pelos ataques de Israel, que mataram altos líderes militares iranianos.
“A solução definitiva é uma mudança de regime, e agora temos uma oportunidade, porque este regime está em seu ponto mais fraco”, disse ele, falando do exílio.
Ainda na entrevista à Fox News, Netanyahu também foi questionado sobre o quanto Israel prejudicou a capacidade nuclear do Irã até agora.
“Acho que atrasamos eles bastante”, disse Netanyahu. “Acho que eles ficaram completamente surpresos.”
Durante a entrevista, Netanyahu elogiou o presidente americano Donald Trump diversas vezes, dizendo ao apresentador Bret Baier que ele e Trump estão “totalmente coordenados”.
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Netanyahu foi questionado sobre os comentários de Trump de que Israel e Irã “deveriam fechar um acordo”.
“Vale a pena se eles [o Irã] fizerem o que o presidente quer [e desmantelarem sua capacidade nuclear]”, disse Netanyahu. Mas ele acrescentou que Israel não vai esperar por isso.
Netanyahu afirmou ainda que, mesmo que o Irã concorde em parar de disparar mísseis contra Israel como parte de qualquer acordo, isso não significa que eles deixarão de desenvolver sua capacidade nuclear.
“A questão aqui não é a distensão. A questão aqui não é o cessar-fogo. A questão é impedir as coisas que ameaçam nossa sobrevivência”, afirmou.
O Irã nega reiteradamente que tenha um programa de armas nucleares, afirmando se desenvolve seu programa nuclear com fins pacíficos.
‘EUA podem se envolver’, diz Trump
Também neste domingo, Trump disse à emissora americana ABC News que “é possível que [os EUA] se envolvam” no conflito entre Irã e Israel, após reafirmar que o país não está envolvido na disputa “neste momento”.
O presidente americano também disse que estará “aberto” à possibilidade de Vladimir Putin, presidente da Rússia, se tornar mediador entre os dois lados, segundo a ABC.
“Ele está pronto. Ele me ligou para falar sobre isso. Tivemos uma longa conversa sobre isso”, disse Trump.
O enviado de investimentos do Kremlin, Kirill Dmitriev, afirmou separadamente em uma publicação no X que a Rússia poderia desempenhar um “papel fundamental” como mediadora.
Segundo informações de três autoridades americanas à CBS News, emissora parceira da BBC nos EUA, Trump teria rejeitado um plano israelense recente para assassinar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
Uma das autoridade afirmou que os israelenses tiveram a oportunidade de assassinar Khamenei, e Trump comunicou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que não era uma “boa ideia”.
A fonte afirma que a conversa entre Netanyahu e Trump ocorre desde que Israel lançou um ataque massivo ao Irã na semana passada.
A rejeição da proposta por Trump foi noticiada pela primeira vez pela Reuters.
Durante a entrevista à Fox News, Netanyahu não confirmou nem negou diretamente a reportagem da Reuters.
“Há tantas notícias falsas de conversas que nunca aconteceram e não vou entrar nesse assunto”, disse ele.
“Mas posso dizer que acho que fazemos o que precisamos fazer. Faremos o que precisamos fazer e acho que os Estados Unidos sabem o que é bom para os Estados Unidos e simplesmente não vou entrar nesse assunto.”